Acreditamos que não é possível nenhum tipo de ação política sem um bom processo de formação. E com as TRANSgressoras não seria diferente. O projeto integra 30 mulheres trans e travestis egressas do sistema prisional para participar de formações técnicas e profissionais em fotografia, maquiagem, editoração, edição de som e áudio, comunicação escrita, interpretação, performance e teatro do oprimido, a fim de ofertar-lhes repertórios éticos e estéticos para a formulação de materialidades artísticas que denunciem os abusos que o sistema prisional e as coreopolícias urbanas geram sobre corpas trans.

Além disso essas formações são atravessadas por debates diversos com uma equipe interdisciplinar que fomenta uma formação política que pauta questões de gênero, raça e abolicionismo penal. O trabalho sócio-formativo também visa um cuidado com a auto-estima dessas mulheres, já bem esfacelado pela brutalidade que acomete suas vidas em diversas camadas e em distintos lugares.

A escolha dos cursos de formação se dá a partir da possibilidade de fricção de linguagens, a fim de produzir espaços potentes e seguros para acolher as múltiplas demandas que cerceiam o cotidiano dessas mulheres vulneráveis.

Quando você faz um curso de maquiagem, por exemplo, estamos propondo um espaço acolhedor, seguro e divertido para poder debater assuntos espinhosos como a passabilidade e os privilégios cisgêneros, ao mesmo tempo em que trabalhamos a auto-estima pela imagem e, de quebra, ainda fomentamos uma formação técnica/profissional que possibilita produção de renda e/ou ingresso no mercado de trabalho.,

É assim que articulamos nossas formações.

Além disso, esse projeto conta com o apoio do Fomento a Cultura das Periferias da Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo, o que nos permitiu também ofertar uma bolsa em dinheiro para que essas sobreviventes pudessem se manter nas atividades dentro do contexto pandêmico, sem que isso esbarrasse na garantia de sua sobrevivência financeira, até junho de 2021.