Troca-Troca
Atentado poético resultado da pesquisa realizada no Programa Vocacional da Cidade de São Paulo à partir do manifesto “Terrorismo Poético” de Hakim Bey.
Concepção: Breno Andreata
Encenação: Murilo Gaulês
Terroristas Poéticxs: Anne Motta, Breno Andreata, Ndjamba Tayó , Milena Silva, Mahogany e Helena Araújo.
Local: Parque da Juventude (antiga penitenciária do Carandiru)
Premissa: "Simplesmente andar pelas ruas pode ser um evento difícil quando suas roupas são consideradas “inapropriadas” e sua presença mesma é lida como ofensiva apenas pelo modo como você age e aparenta. O risco de tornar-se parte das horríveis estatísticas de violência anti-bicha (e anti-trans, antinordestina, anti-preta, etc.) é uma constante e não é justo que somente nós – que assumimos como ética da existência a desobediência à normalidade social ou que simplesmente estamos mal posicionadas no ranking dos “direitos humanos dos humanos direitos” – tenhamos de lidar com esse risco" (Jota Mombaça)
Atentado: Uma passarela é montada em um espaço público. Ao lado e em espaço evidente há um amontoado de roupas diversas. Vestidos, saias, calças, jeans, camisetas, camisas, macacões... Ao som de músicas pop, xs terroristas atravessam a passarela enquanto vão compondo “looks” variados para retornar ao desfile. As roupas devem ser entendidas como possibilidades de composição sem atribuir rótulos de gênero ou modelos pré-estipulados de combinação. A composição se dá pelo encontro entre o desejo do corpo e o estímulo visual das peças. O público também é convidado a entrar no “provador” e participar do desfile, demolindo construções sociais esteriotípicas de estéticas de gênero.
Sequelas: Partindo do princípio de que o perigo é um pressuposto estético normativo, ou seja, a distribuição de violência é realizada a partir das aproximações e distanciamentos do ideal cis-hetero-masculino-branco-europeu-classista, o jogo questiona o fundamento e a origem desta ficção de poder institucionalizada ancestralmente no consciente coletivo da pólis. Dessa forma o que se busca aqui é um rompimento da lógica cisnormativa, utilizando a cultura pop e a moda como disparador público da questão. Acionar esse imaginário fetichista à partir do corpo, em um embate político vivencial, que leva em consideração processos complexos de operação direta com o tema.